miércoles, 29 de abril de 2020

A Carta (I)




Para ti, amado viajante:

Um abismo etéreo nos separa, não temas passar anos imerso em tuas aventuras.
Aqui estarei eu, tua Itaca, esperando, suspirando teu retorno aos meus braços. Volta quando quiseres, mas, se me encontras desolada e ocupada, não me julgues, minha vigília por ti continua intacta.

Eu sei e tu sabes que aquí estarei para quando quiseres descansar do teu velejar incessante, quando quiseres repousar, fechar os olhos e voltar ao começo. Voltar a levantar a ancora. Quando quiseres suspirar, morrer e renascer.

Sê livre. Sou feliz amando-te e sabendo que és livre, mas não te enganes, estás preso entre minhas linhas, nos meus versos. Teu nome pertence aos meus lábios que pronuciam em sonhos, teu aroma pertence ao meu corpo pois com ele acordo cada madrugada. Eu fecho meus olhos e encontro os teus, por acaso te acontece o mesmo? Por acaso essa angústia do teu peito por não me ter, acalma qualquer ninfa ou sereia do caminho?

Tu sabes que eu não sou teu destino, sabes que sou teu caminho. Sabes que, em mim, encontras a paz que satisfaz tua sede constante. Nos meus braços está teu abrigo, entre minhas pernas percebes o sentido da vida.

Dizer “te  amo” é pouco.

Vá e depois volta para mim.
Vá... e volta sempre que quiseres.

No hay comentarios.:

Publicar un comentario